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Antonio Montano

Programa de emprego para mães na rede municipal de ensino tem 7 mil vagas

Criado em 2021, o projeto Mães Guardiãs, da Prefeitura de São Paulo, beneficia estudantes, suas famílias, o ambiente escolar e milhares de mulheres que estavam sem trabalho e hoje desempenham uma função muito importante para a sociedade.


Participantes do Mães Guardiãs ajudam na busca ativa de alunos faltosos e na gestão de hortas pedagógicas. (Foto: FreePik)

A ideia surgiu durante a pandemia de Covid-19 e seleciona mulheres desempregadas, especialmente mães de alunos, para exercer funções de apoio na área da educação. Elas recebem capacitação, trabalham seis horas por dia, de segunda a sexta, e ganham uma bolsa-auxílio que hoje corresponde a R$ 1.386.

No início, a missão do Mães Guardiãs – que faz parte do Programa Operação Trabalho (POT) e é fruto do trabalho conjunto entre a Secretaria Municipal da Educação (SME) e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho (SMDET) – era ajudar as escolas a receber os alunos na volta às aulas presenciais de forma segura, respeitando os protocolos sanitários, após o longo período de ensino à distância imposto pela pandemia.

Em seguida, as mães guardiãs passaram a ajudar a restabelecer o vínculo das famílias com a escola acompanhando a frequência escolar dos estudantes, realizando visitas domiciliares em casos de alunos com faltas injustificadas e colaborando com a promoção da boa convivência escolar.

Diante dos resultados exitosos, o programa foi ampliado e, recentemente, o Mães Guardiãs selecionou mulheres para ajudar também a desenvolver hortas pedagógicas nas escolas municipais. Um projeto que estimula o aprendizado no campo da biologia, promove a educação ambiental e incentiva a alimentação saudável, além de fornecer hortaliças para a merenda escolar.


Parceria que deu certo, todos ganham!


Segundo Henrique Richardson Pereira, diretor da Escola Municipal de Ensino Fundamental Prof. Maílson Delane, na região de Guaianases, na Zona Leste de São Paulo, o Mães Guardiãs vem ajudando a reduzir o distanciamento entre os estudantes e a comunidade escolar provocado pela pandemia. “O programa empregou mães que precisavam trabalhar, estavam na comunidade e tinham contato com muitas famílias”, ele conta.

Em muitas escolas, lembra o educador, o índice de falta às aulas ainda está acima do verificado antes da pandemia, indicando a necessidade de um trabalho persistente de busca ativa por parte do estado e das instituições educacionais. “O número de faltas está diminuindo, e o Mães Guardiãs tem sido um instrumento importante nesse sentido”, afirma Pereira.

Na escola que ele dirige, quem ajuda a realizar esse trabalho é a paulistana Simone de Almeida, que participa do projeto desde julho de 2022. Mãe de uma aluna do 7º ano, Simone atua na busca ativa de crianças e adolescentes com frequência escolar irregular.

Entre os resultados do trabalho, ela se lembra de uma mãe que estava com dificuldade em organizar a rotina doméstica e convencer a filha de 5 anos a frequentar a escola. “Com o nosso apoio, ela conseguiu se organizar, e hoje a criança está totalmente integrada à escola”, ela relata satisfeita.

O projeto teve grande impacto também em sua própria vida. Simone conta que, no passado, parou de trabalhar para cuidar da filha e que sonhava em retomar sua vida profissional, mas não sabia como.

Ao ingressar no Mães Guardiãs, encontrou não apenas um trabalho, mas também um propósito e um caminho, que a levou a se matricular em uma faculdade de Serviço Social. “O que eu recebo no projeto permite pagar a faculdade”, ela diz. “Escolhi esse curso porque quero continuar ajudando as pessoas com o meu trabalho.”

Outra paulistana que teve a vida transformada pelo projeto foi Elenita da Silva Matos Soares, que atua na EMEF Antônio Duarte de Almeida, na região de Itaquera, também na Zona Leste. Mãe de um menino de 6 anos e uma menina de 4 anos, ela foi selecionada para a função de busca ativa no início de 2022.

Ela se orgulha especialmente de uma adolescente que faltava muito e tinha problemas de relacionamento na escola. “Conversei muito com ela e com a família e, aos poucos, conseguimos fazer uma reintegração ao ambiente escolar”, conta. “Hoje, quando passa por mim, ela me chama de mãe”, orgulha-se.

Além do impacto direto que Elenita tem sobre as famílias e estudantes, o projeto trouxe uma transformação importante em sua própria vida. Inspirada pela interação com os alunos e seu papel como uma mãe guardiã, ela decidiu se matricular na faculdade de Pedagogia, que cursa no período noturno. “Quero seguir carreira na área da educação”, ela afirma. “Na escola, todos me apoiam: a diretora, os coordenadores, os professores. Todos estão torcendo por mim e me ajudando.”

Com representantes em todas as escolas da rede municipal e nas unidades parceiras, o projeto Mães Guardiãs conta hoje com sete mil participantes. Desse total, cinco mil estão focadas na busca ativa de estudantes, e duas mil, nas hortas pedagógicas.

Para ser uma mãe guardiã é preciso ter entre 18 e 59 anos, ser moradora de São Paulo, estar desempregada há mais de quatro meses, não estar recebendo seguro-desemprego, ter renda familiar de até meio salário mínimo por pessoa e ligação com a comunidade escolar.

As inscrições são feitas nas unidades do Centro de Apoio ao Trabalho e Empreendedorismo (Cate), que, apesar de neste momento não ter vagas abertas para o programa Mães Guardiãs, oferece várias outras oportunidades para recolocação no mercado de trabalho. Acesse o link para se cadastrar e conhecer os cursos gratuitos de capacitação, dicas para empreender e as vagas de emprego disponíveis em variados setores: https://cate.prefeitura.sp.gov.br.

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