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Antonio Montano

Museu da Língua Portuguesa recebe a mostra temporária Vidas em Cordel

Histórias de vida contadas no formato de literatura de cordel são os destaques da mostra temporária Vidas em Cordel, que o Museu da Língua Portuguesa, inaugura no dia 2 de novembro. A iniciativa mostrará narrativas individuais de pessoas comuns e personalidades como obras literárias, ao mesmo tempo épicas e cotidianas.  

Montada no Saguão B, a mostra no Museu da Língua Portuguesa é correalizada pelo Museu da Pessoa, um dos primeiros museus virtuais do mundo que se dedica ao registro e difusão de histórias de vida. A curadoria é do poeta e cordelista Jonas Samaúma, do cordelista e pesquisador do folclore brasileiro Marco Haurélio, e da xilogravadora Lucélia Borges. 


O projeto ainda contará com uma cabine interativa, onde os visitantes poderão gravar depoimentos. Além disso, uma versão virtual do projeto permitirá que os visitantes tenham acesso a conteúdo exclusivo.


O público poderá visitar a exposição de terça a domingo, das 10h às 17h, gratuitamente, até fevereiro de 2025. 


Dentre as 22 histórias de vida cordelizadas exibidas, três serão expostas ao público de forma inédita. São narrativas inspiradas nos depoimentos de personalidades ímpares, que desenvolveram trabalhos de grande impacto na região da Luz, no centro histórico da capital paulista, onde o Museu da Língua Portuguesa está localizado.


A exposição chega a São Paulo depois de passar por Pernambuco (Santa Cruz), Bahia (Salvador, São José do Paiaiá, Mucugê e Feira de Santana) e Minas Gerais (Paracatu). 


Entre as histórias cordelizadas inéditas, há, por exemplo, a de Cleone Santos, uma mineira de Juiz de Fora que trabalhou como prostituta no Parque Jardim da Luz, em São Paulo, por 18 anos. Ela criou o Coletivo Mulheres da Luz, que oferece apoio e dá visibilidade às mulheres em situação de prostituição.  


Outro retratado é César Vieira, pseudônimo de Idibal Matto Pivetta, que, como advogado, teve uma atuação importante na defesa de presos políticos durante a ditadura militar no Brasil. Ele também foi um dos fundadores do grupo Teatro Popular União e Olho Vivo, pioneiro na utilização de processos de criação coletiva. 


A mostra também exibe a trajetória de MC Kawex, rapper que viveu por 20 anos na chamada Cracolândia. Ele foi uma voz ativa na região, e as letras de suas músicas são repletas de verdades e críticas. 


Há ainda histórias cordelizadas de nomes conhecidos, como o líder indígena e imortal da Academia Brasileira de Letras, Ailton Krenak, e o jornalista Gilberto Dimenstein. 

“A exposição Vidas em Cordel apresenta um cordão de histórias, mostrando um Brasil diverso, caleidoscópico, com suas mazelas e injustiças, mas também com suas belezas e encantos. Um verdadeiro tributo à coragem e à resiliência dessas pessoas”, afirma Haurélio, um dos curadores. 


A arte da xilogravura também estará presente na exposição Vidas em Cordel. Cada gravura, cuidadosamente esculpida por Lucélia Borges e Artur Soares, dá vida a personagens, cenários e acontecimentos que povoam as histórias selecionadas. Embora não seja a única técnica utilizada para ilustrar as capas dos cordéis, a xilogravura é a mais característica. 


Cabine de histórias e conteúdo exclusivo 


Enquanto a mostra estiver em cartaz no Museu da Língua Portuguesa, haverá à disposição, também no Saguão B, uma cabine interativa gratuita e aberta para que o público possa gravar depoimentos pessoais.


Os registros serão adicionados instantaneamente ao acervo digital do Museu da Pessoa, que tem, entre seus objetivos, registrar, preservar e transformar histórias de vida de toda e qualquer pessoa em fonte de conhecimento, compreensão e conexão. 


Além da versão física, Vidas em Cordel possui conteúdo exclusivo virtual que pode ser acessado no endereço memo.museudapessoa.org/vidas-em-cordel. Na versão digital, também estão reunidas informações complementares e uma experiência diferenciada em relação à itinerante. 


Na lista de conteúdo on-line exclusivo, está o livreto Vidas em Cordel para Educadores. O material educativo é gratuito, voltado para auxiliar professores e professoras a conhecer e refletir sobre as histórias de vida de brasileiros e brasileiras por meio da literatura de cordel, colaborando com a preparação dos estudantes para a visita à exposição. O material também pode ser utilizado para atividades educativas. 


Além disso, no site, é possível conferir cordéis animados, informações sobre a cultura do cordel e ainda uma lista de músicas selecionadas pelos curadores para embalar a visita pela exposição digital. Outro produto digital é o podcast com narração de Marcelino Freire e Klévisson Viana.  


Para Lucas Lara, diretor de museologia do Museu da Pessoa, Vidas em Cordel explora o que há de único e coletivo, banal e extraordinário na vida de cada um de nós. “A exposição nos mostra que, assim como a literatura de cordel, nossas histórias também são patrimônios culturais brasileiros”, detalha.   


A mostra temporária Vidas em Cordel, uma correalização com o Museu da Pessoa, integra a temporada 2024 do Museu da Língua Portuguesa, que conta com patrocínio máster da Petrobras, patrocínio do Grupo CCR, por meio do Instituto CCR, e do Instituto Cultural Vale; com apoio do Itaú Unibanco, do Grupo Ultra, por meio do Instituto Ultra, da CAIXA e do UBS BB Investment Bank - todos por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet.


Serviço

Mostra temporária Vidas em Cordel

A partir de 2 de novembro até fevereiro de 2025 

Terça a domingo, das 10h às 17h 

No Saguão B do Museu da Língua Portuguesa 

Grátis 

Museu da Língua Portuguesa 

Praça da Luz, s/nº - centro histórico de São Paulo 

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