Diariamente, uma imensa parcela da população passa pelo Rio Pinheiros e até esquece que ali existe um rio de verdade. E, assim, em meio à inércia, o rio, que poderia ser usado para fomentar a economia, como fonte de lazer, de transporte, entre outras funções, segue cada vez mais sujeito à finitude, através da decomposição dos dejetos domésticos ali jogados e da proliferação de mosquitos.
Cansado dessa situação, um grupo de publicitários capitaneado por Marcelo Reis, copresidente de uma agência de propaganda, decidiu criar o #VoltaPinheiros, que tem como objetivo instaurar um movimento de engajamento para tirar o rio do esgoto do esquecimento, colocá-lo de volta no centro das atenções e convidar sociedade civil, empresas, organizações não governamentais e órgãos responsáveis para que se sentem, como parceiros coautores, a fim de que elaborem e implantem um projeto que devolva um rio saudável aos paulistanos. O objetivo do movimento é que uma primeira reunião oficial seja feita com todos os interessados, empresários e especialistas em volta da mesa, liderada pelo poder público, monitorada pelas ONGs do segmento, com a cobertura dos veículos de comunicação.
“Quando vamos nos mobilizar por algo público que não seja partidário ou político? Quando vamos lutar pelo espaço público de forma real e perene? Nós brasileiros olhamos muito para o privado e pouco para o coletivo. Temos que melhorar nosso engajamento social e sermos mais proativos”, declara Marcelo Reis, mineiro que viu com tristeza o Rio Arrudas (Belo Horizonte) ser destruído e coberto. “Apesar de não ser paulistano de nascença, quero tentar fazer minha parte como morador desta cidade que me acolheu há mais de 20 anos”, explica.
Para o início do movimento, foi escolhido o dia 21 de setembro, em que se comemora o Dia da Árvore e no qual são feitas várias ações voltadas ao meio ambiente e à ecologia.
O projeto iniciará com iniciativas em escolas públicas e privadas que já aderiram ao movimento #VoltaPinheiros. “Importante que as crianças, que não tiveram a oportunidade de conviver com um Rio Pinheiros saudável, entendam o que um dia ele já foi (e pode voltar a ser) e atuem como protagonistas. Precisamos reverter esta situação, começando por quem mais terá chance de aproveitá-lo”, ressalta Reis.
Com este intuito, colégios públicos e privados estão sendo convidados. Entre as escolas que já abriram suas portas para esta campanha de mobilização estão Tide Setubal, Visconde de Porto Seguro e Santa Cruz. Ao longo da semana de 21 de setembro, essas escolas irão promover uma programação especial que eleva a importância da discussão à respeito da proteção das águas e da natureza.
Na programação destas escolas, constam atividades como videoconferências com representantes de diversos países, expondo cases de sucesso de conservação das águas em nações como Colômbia, França, Espanha, Índia e Alemanha; projetos que comparam a relação de moradores em torno do rio Pinheiros e de rios na Amazônia; produção de conteúdos audiovisuais e programetes de rádio, além da criação de games com soluções para despoluir o rio, a exemplo do Projeto “Modelagens para um Rio com Vida”, com o game Minecraft.
Em paralelo, uma campanha publicitária está ganhando as ruas para engajar as pessoas no movimento. A ação de comunicação envolve um manifesto, o site www.voltapinheiros.com.br e facebook do movimento www.facebook.com/voltapinheiros, além de mídia out of home e material promocional (como camisetas, sacolas, folhetos explicativos e adesivos para carros). Além disso, dois vídeos e alguns spots de rádio foram produzidos com o intuito de chamar as pessoas a aderirem à causa, compartilhando as mensagens em suas redes sociais. Esses vídeos são protagonizados por jornalistas, personalidades e celebridades que já abraçaram a iniciativa e apadrinharam o #VoltaPinheiros, entre os quais, o músico e ator Thaíde, o cantor Jairzinho, a atriz Tania Khalill, a atriz Gabriela Duarte e sua filha, Manuela, a jornalista Mariana Godoy e a fotógrafa Marina Klink.
Assista ao video da campanha abaixo:
Este é o começo. “A intenção é que o movimento cresça, atraia mais escolas, celebridades, ONGs, veículos de comunicação, arquitetos, engenheiros, estudiosos do assunto, leigos engajados e, principalmente, empresas e nossos governantes. Queremos que, no mínimo, uma reunião inicial com todos os interessados aconteça. Será que é tão difícil assim?”, finaliza Reis.
Foto: Rafael Neddermeyer (Pixabay)